La Vie En Rose

La Vie En Rose (2007)

de Olivier Dahan

Trailer.

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La Vie En Rose é um filme marcante. Não só porque retrata a vida de Édith Piaf, uma das mais conhecidas vozes de França e do Mundo, mas também porque o impacto que nos deixa no seu final e as músicas de que é composto não nos largam durante dias.

Édith Piaf foi uma figura singular e genial. Dona de uma voz ímpar, que actualmente se confunde com a própria França, a sua figura franzina e débil não foi capaz de conter tamanho talento. Piaf morreu apenas com 48 anos, vítima dos seus próprios excessos, mas parecia ter 80. Estranhamente fica-nos a sensação que foi a sua própria voz que lhe consumiu o corpo, incapaz de conter tamanha força e energia. Morreu como qualquer um de nós, com medo da solidão e de terminar sozinha. Foi uma figura controversa, complicada e por vezes intratável. Uma diva no verdadeiro sentido da palavra, mas apenas no que tocava à sua arte. Não era uma mulher de luxos ou de ostentação. E embora a sua voz fosse maior que a vida, era apesar de tudo uma mulher. Uma mulher sofrida, triste e dependente marcada por uma infância falhada, por uma mãe ausente e pelos primeiros anos da sua vida passados num bordel dirigido pela sua avó paterna. Cresceu nas ruas onde começou a cantar e onde foi descoberta. Anos mais tarde o mundo rendeu-se ao seu imenso talento e tornou-se o seu palco. No final tornou-se um símbolo de França e a sua voz imortal. 

Quanto ao filme, e apesar de ter um ínicio turbulento e um pouco desestruturado, La Vie En Rose ganha no seu segundo acto um ritmo mais calmo e contido. Em parte é um reflexo da vida da própria cantora e da evolução do seu estado de espírito. Recorrendo a inúmeros flashbacks somos introduzidos aos diversos estágios da vida de Piaf. O seu crescimento, a sua ascenção e queda, à doença e dependência que a consumiu durante anos, mas também à alegria e a uma vontade indomável de viver. No primeiro plano deste tour de force encontra-se Marion Cotillard, uma actriz francesa relativamente desconhecida do grande público. Ela é a grande surpresa deste filme. Completamente imbuída no seu papel, Cotillard transfigura-se e revela-nos Piaf em tudo o que teve de maior e de menor. A caracterização física está excelente bem como a reconstituição de uma época perdida das ruas de Paris. E hoje, não existe França sem Piaf. 

 Marion Cotillard, numa interpretação impressionante de Édith Piaf e o final do filme, simplesmente arrebatador.

 Infelizmente o ínicio do filme parece desestruturado e sem rumo, contrastando com toda a linha de narrativa quase perfeita que se segue.

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